O peso do perdão em meio à tragédia
Por Professor Bertoncello
Por Redação Rádio Base
Publicado em 27/09/2025 12:48
Especial

Vamos tratar, neste artigo, de tragédias, culpados e perdão, iniciando naturalmente com o discurso de Erika Kirk, que disse: “Aquele jovem… eu o perdoo”, revelando como o luto pode se transformar em um ato de transcendência moral. Sua declaração surpreendeu e emocionou a todos, afinal, ela estava se referindo ao assassino de seu marido, crime ocorrido diante de seus filhos.

Vamos falar de três tragédias domésticas. No Brasil, cerca de 24,3% da população vive em condições precárias de esgotamento sanitário, sem tratamento ou coleta adequada. A educação, por sua vez, entrega 95% dos alunos formados no ensino médio sem proficiência em Matemática e 75% sem proficiência em Língua Portuguesa. Como consequência, temos aproximadamente 30% da população na condição de analfabetos funcionais e 5,4% de analfabetos. Em outras palavras, são 10 milhões de analfabetos, 42 milhões de analfabetos funcionais e a produção de aproximadamente 2 milhões de novos analfabetos funcionais todos os anos. Por fim, o país possui cerca de 77 milhões de lares, dos quais 19 milhões dependem de benefícios governamentais. Em resumo: 24%, ou uma em cada quatro famílias brasileiras, não conseguem produzir recursos para se sustentar de forma digna.

Uma nação só cresce se tiver planejamento de longo prazo. Afinal, é nesse horizonte que podemos enfrentar e resolver problemas estruturais como saneamento básico, educação e produtividade. Para refletir sobre isso, olhemos para os últimos 40 anos: nesse período, tivemos 2 anos de governo pelo PRN (hoje extinto), 4 anos sob o PSL/PL, 8 anos com o PSDB, 11 anos liderados pelo PMDB e 16 anos sob o comando do PT.

Todos sabemos que a verdadeira alavanca para transformar o país é a educação, mas, infelizmente, ela nunca passou de um slogan em campanhas políticas. Para ilustrar esse ponto, vamos analisar a posição do Brasil no teste PISA, que hoje reúne 81 países. O primeiro aspecto a destacar é que, antes do governo do PSDB, o Brasil sequer participava da avaliação. A partir daí, observando o início e o final de cada mandato, podemos verificar que, em Matemática, os resultados se comportaram da seguinte forma:

No governo Fernando Henrique Cardoso, o Brasil em Matemática caiu 2 posições. Durante os governos Lula 1 e Lula 2, a queda foi de 17 posições. No governo Dilma, o país recuou mais 7 posições. No governo Temer, houve apenas uma aplicação do teste, em que o Brasil ocupou a 70ª posição entre 79 avaliados, refletindo um dos piores desempenhos, superando apenas países como Líbano, Indonésia e Filipinas. No governo Bolsonaro, mantivemos a posição. Já no governo Lula 3, aguardamos os próximos resultados. Até agora, portanto, o Brasil saiu da 44ª para a 70ª posição em Matemática, justamente a base de conhecimento para a nova economia e para o desenvolvimento da inteligência artificial.

A tragédia do século XXI já está anunciada: vamos empobrecer e nos tornar, a cada dia, mais dependentes de tecnologia externa. Enfrentaremos problemas básicos com doenças facilmente controladas em outros países, mas que aqui continuam sendo devastadoras. Não seremos capazes de produzir grandes empresas no futuro, pois nossas crianças e nossa população estão se tornando, progressivamente, mais pobres intelectualmente. Podemos chamar esse fenômeno de “geração Paulo Freire”.

Resumindo, foi magnífico o que Erika Kirk fez: perdoar é cristão e representa um dos sentimentos mais nobres. Mas, aqui no Brasil, a nossa tragédia anunciada não tem perdão. Estamos em rota de destruição, de forma programada e cruel. Aqueles que querem destruir o Brasil jamais deveriam ser perdoados.

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