O mercado de Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) inicia 2026 com uma projeção inédita: o patrimônio líquido da indústria, que superou R$ 810 bilhões em 2025, pode alcançar R$ 1 trilhão ainda nos primeiros meses do ano. O avanço é impulsionado pela consolidação da norma CVM 175, que ampliou o acesso a diferentes perfis de investidores, e pela maturação das estruturas subordinadas e sêniores, criando um ambiente de maior escala e segurança.
A popularização dos FIDCs transformou a dinâmica do setor, com investidores de varejo ocupando espaço relevante na formação de capital por meio das cotas sêniores, consideradas mais seguras. Em paralelo, investidores institucionais intensificaram a compra de cotas, reforçando a expansão da indústria. Esse movimento acompanha a desaceleração do crédito bancário tradicional e a reconfiguração do mercado de capitais, que vem se consolidando como alternativa de financiamento para empresas de diversos portes e segmentos.
Estudos da Ouro Preto Investimentos indicam que a participação do mercado de capitais no crédito nacional pode chegar a 37% até 2029 e ultrapassar o sistema bancário em 2034, quando 51% do crédito deve estar fora dos bancos. O crescimento dos FIDCs também reflete o amadurecimento de instrumentos como debêntures, CRIs e CRAs, que ampliam o acesso das companhias a capital competitivo e aceleram a descentralização financeira no país.
A perspectiva para 2026 é de expansão sustentada por estruturas mais complexas, fundos multissetoriais e originação de recebíveis pulverizados. Com 6,9% de participação no mercado de fundos, já acima dos fundos de ações, os FIDCs devem consolidar-se como peça estrutural nas carteiras dos investidores. Escala, governança e diversificação aparecem como motores de desempenho, em um cenário marcado pela demanda reprimida por crédito e pelo apetite institucional por retornos superiores ao CDI.